Pele e perfume: entenda como funciona essa química

De acordo com a interação com o tipo de pele, as notas do perfume compõem um cheiro único e original para cada pessoa.

Por Wilson Weigl / Modelo: Deyvid Silva

A gente compra um perfume que gostou em um amigo e sente que ele não cheira igual no nosso corpo. Isso acontece porque um perfume reage de forma diferente em cada pele. É claro que essa diferença não é gritante a ponto de mudar totalmente o cheiro do perfume, mas ele nunca fica 100% igual em duas pessoas.

“Perfume é química. E pele também. Essa alquimia entre os dois define como uma fragrância se comporta na pele da pessoa e que cheiro ela irá exalar ao seu redor”, diz Renata Ashcar, especialista em perfumaria e autora do “Guia de Perfumes 2018”.

No momento em que as moléculas do perfume tocam a pele, se inicia uma cadeia de ligações químicas, segundo Renata. “A pele é um órgão que nos protege e conecta ao mundo exterior. Equipada com milhares de receptores nervosos, a pele guarda características próprias que influenciam diretamente a evolução de uma fragrância, desde o momento em que ela é borrifada”.

Como cada pessoa tem um cheiro, é fácil sacar que ele vai influenciar o resultado do perfume na pele. Segundo a especialista, hormônios, hidratação da pele (se ela é seca ou oleosa) e nível de pH (se é mais ácida ou alcalina) e tipo de alimentação são alguns dos fatores que alteram o comportamento das notas olfativas (os ingredientes perfumados) quando elas entram em contato com a pele.

Daí que é preciso cuidado na hora de escolher um perfume para comprar, mesmo se você experimentar na loja. Claro que o ideal é testar na própria pele, mas um ponto importante a levar em conta é que o cheiro do perfume fica diferente na pele à medida que o tempo passa. O cheiro que se sente logo ao espirrar vem principalmente das notas de saída (ou cabeça), mais voláteis, as primeiras a se manifestar e, também, a evaporar. Só uns 15 minutos depois aparecem as outras partes da composição, as notas de corpo (ou coração) e as notas de fundo (ou base), que vão sendo liberadas aos poucos para interagir com as moléculas da pele. E é esse o cheiro final que permanece no corpo pelas horas seguintes e que, muitas vezes, é bem diferente do cheiro inicial.

Essa interação do perfume com o tipo de pele explica também porque em geral o cheiro dura mais nas peles oleosas do que nas secas.

“De acordo com essa interação com a pele, as notas do perfume compõem um cheiro único e original para cada pessoa”, diz Renata Ashcar.

“Como as fragrâncias são fonte inesgotável de sensações e lembranças, às vezes gostamos de um perfume usado por outra pessoa mas não sentimos a mesma emoção quando o aplicamos na nossa própria pele”, continua a especialista. “A harmonia entre pele e fragrância e inimitável”, finaliza.

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