Deprimido? Pra baixo? A cura pode estar na academia

Exercício é remédio: a atividade física combate a depressão em nível moderado, alivia a ansiedade e o estresse, com efeitos comparáveis aos medicamentos e à psicoterapia.

Por Wilson Weigl

Se você anda pra baixo há algum tempo, sem ânimo, desmotivado, de mal com a vida, vista short, camiseta e tênis e vá malhar. Ou correr ou pedalar. Está provado que a atividade física age como remédio. Uma pesquisa feita com 900 pessoas publicada na revista Sports Medicine aponta que levantar pesos na academia combate a depressão em nível moderado e alivia a ansiedade e o estresse com efeitos comparáveis a medicação e psicoterapia.

O exercício libera endorfinas (substâncias cerebrais ligadas àquela sensação de bem-estar que a gente sente depois de se exercitar) e diminui a produção do cortisol, o hormônio do estresse. Mas como acontece com todo medicamento, não adianta tomar só uma vez e pronto. O ideal é se exercitar de 3 a 5 vezes por semana durante no mínimo 30 minutos por dia, para que o “remédio” continue agindo.

Muitos caras que se sentem deprimidos por longo tempo não conseguem tomar sozinhos a iniciativa de sair de casa e se movimentar. Não têm ânimo nem para sair de casa ou até levantar da cama. Poucas pessoas que entram em depressão procuram ajuda especializada, por acreditar que tudo não passa de uma fase transitória, que “vai passar”. Mas a não ser que a negatividade tenha uma causa concreta (perda de emprego, separação, morte na família), dificilmente a depressão passa sozinha.

Se acontece com você, procure assistência de um psicólogo ou terapeuta e, em vez de esperar que ele só receite uma pílula “mágica”, peça que ele “prescreva” um bom treino. Sim, porque uma pesquisa da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, mostrou que os médicos deveriam “receitar” exercícios físicos da mesma forma que prescrevem remédios.

Os pesquisadores estudaram um grupo de 295 pacientes em tratamento antidepressivo em uma clínica de saúde mental. Perguntados sobre como as atividades físicas influenciavam suas emoções, 80% deles disseram que o exercício diminuía a ansiedade e melhorava seu humor.

Quase 85% desses pacientes afirmaram que gostariam de se exercitar mais. Apesar disso, mais da metade se sentia desanimada para sair de casa e encarar a academia ou o parque.

Na pesquisa americana, a maior parte dos participantes estudados não se exercitava por falta de um “empurrão” dos médicos, que preferiam apenas receitar medicamentos.

Fato que a maior parte dos médicos ligados a saúde mental (psiquiatras e psicólogos) não tem suficiente expertise de esporte e educação física para prescrever programas de treino a seus pacientes. Também nem sempre são capazes de ajudá-los a escolher a atividade ideal para cada caso e estilo de vida: pegar peso na academia, caminhar, correr, pedalar, nadar, bater uma pelada.

Os médicos poderiam fazer parcerias com personal trainers, instrutores de academia e professores de educação física para que esses dessem apoio aos pacientes para ganharem estímulo para treinar e, também, encontrar a atividade física que os motive a levantar a bunda do sofá e se mexer. No estudo americano, 50% dos pacientes disseram que adorariam receber dicas de treinos e exercícios que os ajudassem a sair do buraco.

Se você anda deprimido há algum tempo ou tem fases em que fica muito tempo para baixo, converse com um médico ou terapeuta sobre a possibilidade de começar a se exercitar (ou se exercitar ainda mais).

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